Democracia fica na próxima
porta á esquerda... Ou direita?
Os protestos do último dia
15/03/2015 trazem á tona um questionamento que todo e qualquer cidadão
consciente deveria fazer: - Democracia neste país ainda existe? Se existe,
teria ela se convertido em uma via de mão única?
Antes da manifestação acima
citada, no dia 13/03, saíram ás ruas, vestidos em vermelho e hasteando
bandeiras de centrais sindicais e outros órgãos sabidamente ligados ao governo
petista, alguns milhares de pessoas. Tomaram a Avenida Paulista em São Paulo.
Dentre suas pautas, pediam medidas contra a corrupção... Justo! Algumas fotos
mostravam cartazes com reivindicações centradas no mais puro ideologismo. Um
cartaz em especial, me chamou a atenção:
-Pelo fim da Polícia Militar
nas escolas! Assinada logo abaixo pela APEOESP, que é Sindicato dos Professores
do Ensino Oficial de São Paulo. De certo, a categoria de professores de escola
pública do Estado de São Paulo está em lua de mel com o crescente número de
adolescentes delinqüentes que toma os pátios e arredores das escolas,
rechaçando os poucos que ali estão no intuito adquirirem aprendizado, almejando
melhores condições para suas vidas, do que aquelas que observam á cada esquina.
Pensei:
-Se desejam mesmo isso, temos
em pauta uma questão de resolução muito simples. Basta elaborar uma lista com
os nomes dos professores que são avessos á intervenção policial. Assim, quando
irromper o ímpeto de um de seus abroquelados, e os “preceitos pedagógicos
alternativos” dos mesmos não obtiverem êxito, a Polícia não usará de seu cajado
pesado e de sua ostensividade, objetivando não deturpar a “ordem”. Afinal...
“Não existe violência contra paredes e vidraças... Violência é contra as
pessoas”, diria um exaltado assecla do respeitado sindicato.
Lembro-me bem que, quando criança,
respeitávamos os professores, pois nossos pais nos ensinavam valores morais em
casa, antes de nos enviarem ás escolas. Hoje, parece que os professores cederam
ao falecimento desta moral, e omitem-se ou amotinam-se embasados em ideais que
talvez nem os próprios julguem críveis. Se o julgam, o cerne da questão
desdobra-se em direção á busca do entendimento sobre “o que está podando o
senso crítico e o nível de discernimento de nossos mestres”.
A manifestação do dia 15 colocou em pauta um
sentimento de insatisfação com o atual Governo, que parece ter entrado numa
crescente, dada a atual crise econômica que o país vive, e os incessantes casos
de corrupção envolvendo diretamente o partido petista. Mas esta manifestação
não deixou de também hastear suas bandeiras de cunho distorcido:
-Intervenção Militar já!
Pediam alguns... Bem, creio que qualquer cidadão brasileiro que se deu ao
trabalho da leitura de poucos capítulos de nossa história recente, deva saber
que a Ditadura Militar representa um “capítulo negro” nos nossos livros.
Mas esta manifestação contou
com muitos adeptos voluntários, apartidários, oriundos de classes sociais,
etnias e credos diferentes. Foram milhões ás ruas! Não pelo “pão com ideologia”
distribuído por órgãos e sindicatos! Nem pelos R$ 35,00, que não puderam sequer
comprar um grama de dignidade e legitimidade aos manifestantes “convocados” do
dia 13. Vídeos flagraram haitianos e imigrantes africanos recebendo dinheiro
para fazerem parte do ato orquestrado. Há que somar os militantes do tal MST –
Movimento dos Sem Terra, que tem dado indícios de comporem um corpo análogo á
uma facção ou exército alternativo.
Dados os ingredientes, vamos
ao ponto que concerne esta minha análise. Pergunto-me: - Posto que “democracia”
significa “poder do povo”, e representa um sistema de governo onde os cidadãos
detêm o poder, participando de forma ativa nas decisões dos rumos de uma
sociedade, seja diretamente ou por meio de representantes eleitos, estamos
vivendo numa democracia, na plenitude de sua concepção?
Vejamos... Numa democracia, o
que contra-argumenta ou vem a ilegitimar o direito dos professores de pedir
pela não intervenção policial? Ou mesmo, aos que pedem por intervenção militar?
Sendo esta, uma sociedade democrática, que poder irá sobrepor-se aos direitos
do cidadão? Cabe á sociedade decidir ou não, através do sufrágio, acatar ou não
estas reivindicações. Rechaçá-las é opressão!
Em resposta ás duas
manifestações, a presidente brasileira, que teria a obrigação política e moral
de discursar ao seu povo, convocou dois de seus capangas e os colocou em rede
nacional.
O discurso que se seguiu,
concentra o motivo de minha preocupação com o grau de democracia que ainda
existe neste país. O Ministro da Justiça chamou os atos de “tentativas de
golpismo”, e acentuou, apoiado pelo Ministro da Secretaria da Presidência, a
preocupação com demonstrações de “ódio” e “autoritarismo” de alguns. Bem,
partindo estas palavras de um sabido defensor do regime cubano, me soa um tanto
incoerente... Na mais pura demonstração de falta de respeito, desqualificaram
os milhões que estiveram nas ruas no dia 15, e legitimaram a manifestação de
seus “discípulos” do dia 13. Dia 13... Pretensioso, ou mera coincidência?
Em suma... Os milhões que
protestaram contra o governo foram dados como “insignificantes” ante os poucos
milhares que são apoiadores comprados financeira e ideologicamente. Ainda pior!
Sobre a insistente afirmação da maturidade “democrática” do país. Democracia?
Ao que se nota, a “democracia brasileira”
tomou seu ponto de inflexão! É exercida, concebida e proposta de forma
unilateral, ilegitimando qualquer menção opositora. A prova disso é a “guerra
de classes” pregada pelas manquitolantes manifestações de uma classe de
pseudo-intelectuais, subcelebridades e artistas beneficiários de verbas
públicas através da “Lei Rouanet”, e jornalismo conivente e parcial. Hoje,
qualquer gesto que proponha um sentido oposto ao governo, é imediatamente
estigmatizado: - Elitista! Golpista! São os adjetivos pronunciáveis!
Ainda em resposta ás manifestações, o Governo
aproveitou para recolocar em pauta a “Reforma Política”. É fato inegável que
nosso sistema política urge por mudanças! Mas analisemos o atual cenário:
-O partido petista aparelhou
todas as esferas de poder deste país. Seus tentáculos alcançam influências
imensuráveis, compradas com o dinheiro do “assalto” á Petrobrás...
Reforma Política, neste ambiente,
seria dar ao PT carta branca para reescrever a Constituição da maneira que lhe
for conveniente, sem nenhuma oposição efetiva.
Em cenário parecido, deu-se o
golpe na Venezuela. E se o tema da moda é “golpe”, deixo, por fim, o seguinte
questionamento:
A sociedade brasileira
encontra-se neste momento em uma bifurcação ideológica e política, que deverá
definir os próximos anos. Qual é o Brasil que queremos? O Brasil de um partido
apenas, ditando seus desmandos ao seu bel prazer?
Eu penso que é momento de a
sociedade deixar de ceder á essa torrente intermitente de pregação do
segregacionismo, que visa nos enfraquecer como NAÇÃO para que uns poucos possam
dominar, e unir-se na perspectiva de um futuro que explore de forma mais justa
as possibilidades infinitas de nosso país.
Afinal... Somos uma
democracia doente, porém, jovem demais para padecer.
Marcos
Gomes